Grupo Semente e Casa de Nazaré reforçam compromisso de Jundiaí com adoção e acolhimento familiar 

No último sábado (17), O Jundiaiense acompanhou uma atividade formativa na Casa de Nazaré, casa lar que acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade em Jundiaí. O evento integra os módulos preparatórios para adoção, voltados a pretendentes que buscam vivenciar mais de perto o universo da adoção e o cotidiano do acolhimento institucional.

Renata Longui, presidente do Grupo de Apoio à Adoção Semente, mencionou que o grupo está prestes a completar 25 anos em 2025 e que é uma organização não governamental que atua em parceria com a Vara da Infância e Juventude, a Casa de Nazaré e a Casa Transitória. O objetivo do grupo é tratar a adoção com mais leveza, informação e acolhimento, fortalecendo os vínculos entre famílias e crianças.

Foto: O Jundiaiense

Durante o mês de maio, em que se comemora o Dia Nacional da Adoção (25/05), o grupo intensifica suas ações de conscientização. Renata destacou que este é um período essencial para trabalhar as diversas temáticas ligadas à adoção e reforçou que a missão do Semente é garantir que toda criança e adolescente tenha o direito de viver em família.

O Grupo Semente promove diferentes frentes de atuação:

  • Grupo de Reflexão: aberto a interessados em adotar e também para o público em geral e ocorre sempre na última terça-feira do mês, abordando temas diversos ligados à adoção.
  • Germinar (Pós-Adoção): voltado às famílias que já adotaram, também se reúne mensalmente.
  • Sementinha: espaço destinado às crianças que participam simultaneamente das reuniões dos adultos, com abordagem lúdica das questões relacionadas à adoção.
  • Módulos Preparatórios: obrigatórios para todos os pretendentes à adoção, compostos por seis encontros mensais aos sábados pela manhã. Cada módulo trata de uma temática específica, como o acolhimento institucional. Nesta fase, os participantes visitam casas de acolhimento, conhecem sua estrutura e desconstroem estigmas sobre a realidade das crianças acolhidas.

Na avaliação de Renata, Jundiaí se destaca por estar sempre um passo à frente nas políticas voltadas à infância, graças às parcerias bem estruturadas entre o Judiciário, a sociedade civil e as instituições de acolhimento.

O processo de adoção em Jundiaí segue as normas estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e compreende etapas como habilitação judicial, estudo psicossocial, curso preparatório, emissão de certificado e inclusão no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). A fase de convivência e a sentença final de adoção ocorrem após avaliação técnica e jurídica detalhada. Todo o processo é sigiloso e gratuito.

Além da adoção formal, a cidade desenvolve dois programas fundamentais:

  • Família Acolhedora: permite que crianças e adolescentes afastados da família de origem sejam acolhidos temporariamente por famílias previamente habilitadas, com acompanhamento técnico e supervisão judicial. É uma alternativa mais afetiva e individualizada ao acolhimento institucional tradicional.
  • Apadrinhamento Afetivo e Financeiro: oferece a crianças e adolescentes acolhidos — especialmente entre 7 e 17 anos — a oportunidade de estabelecer vínculos com adultos voluntários (afetivo) ou receber apoio financeiro pontual para formação, cuidados médicos ou terapêuticos (os valores são pagos diretamente aos profissionais que irão atender o menor).

O programa de apadrinhamento, lançado inicialmente em 2022, foi reativado em 2025 na atual gestão do Prefeito Gustavo Martinelli. A iniciativa conta com apoio da Unidade de Gestão de Assistência e Desenvolvimento Social (UGADS), da Vara da Infância, da Casa de Nazaré e da Casa Transitória. A primeira capacitação do programa ocorreu em 26 de abril deste ano.

A Casa de Nazaré é uma instituição sem fins lucrativos, com mais de 20 anos de atuação em Jundiaí. Opera no modelo casa lar e acolhe cerca de 30 crianças e adolescentes, sob acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Desde 2005, mantém convênio com a Prefeitura de Jundiaí, que garante suporte técnico e financeiro por meio de termos de fomento. A casa também é sustentada por doações da comunidade, incluindo alimentos, roupas, brinquedos, móveis e contribuições via Pix ou Nota Fiscal Paulista.

Bruno Barbosa, psicólogo e coordenador técnico da Casa de Nazaré, também acompanhou a atividade formativa realizada no sábado. Com mais de uma década de envolvimento com a instituição — onde iniciou como voluntário e educador social —, Bruno tem atuação direta no acolhimento institucional, liderando ações voltadas ao fortalecimento de vínculos, à escuta qualificada e ao suporte psicossocial dos acolhidos. Reconhecido pelo perfil humanizado, é frequentemente descrito como um profissional comprometido com o bem-estar e o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes sob sua responsabilidade.

Outro destaque no trabalho da Casa de Nazaré é o envolvimento da sociedade civil. A família Benassi, por exemplo, tem longa trajetória de apoio à instituição. Ricardo Benassi, empresário e atual vice-prefeito, é reconhecido por seu apoio recorrente às causas da casa.

Renata e sua companheira, Fabia, vivenciaram a chamada “adoção tardia”. O casal homoafetivo adotou dois irmãos: Giovana, com 6 anos, e Carlos Henrique, com 7. A abertura delas em relação à idade e ao perfil de grupo de irmãos tornou o processo mais célere. Hoje, com 18 e 19 anos, ambos estudam, trabalham e seguem engajados no Grupo Semente — Carlos como diretor e Giovana no conselho.

Renata relata que os desafios enfrentados pela família foram semelhantes aos de qualquer maternidade, especialmente durante a adolescência, e destaca que sempre trataram a adoção com naturalidade. Para ela, o Semente foi decisivo na formação da família e permanece como uma rede de apoio essencial. Atualmente, além de manterem o vínculo com o grupo, ela e sua família atuam ativamente para que mais crianças e adolescentes tenham a mesma oportunidade: o direito de pertencer a uma família.

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