O silêncio que economiza milhões: cargos vagos aliviam Jundiaí

Com 40 cargos comissionados vagos, cidade poupa mais de R$ 5,3 milhões ao ano sem cortes nem decretos

Em tempos de cortes dolorosos e pressões fiscais, Jundiaí faz diferente: economiza sem demitir, sem alarde e sem decretos. Só com o silêncio.

Mesmo após 5 meses do início do ano, 40 cargos comissionados permanecem vagos na administração municipal. Essa ausência, longe de provocar desorganização, tem resultado em uma economia considerável: mais de R$ 5,3 milhões por ano — R$ 412 mil mensais — que deixam de sair dos cofres públicos, mesmo com a estrutura legal permanecendo intacta.

De onde vem os milhões economizados em Jundiaí?

A maior parte da economia vem do cargo de Assessor de Políticas Governamentais, que tem 27 vagas desocupadas, com salário individual de R$ 8.682,64. Isso representa, sozinho, uma economia mensal de mais de R$ 230 mil reais.

Entretanto, outros cargos comissionados também contribuem significativamente para esse cenário. A tabela abaixo detalha o número de cargos vagos, seus respectivos salários e o impacto mensal direto na folha de pagamento do município:

CargoVagas criadasVagas ocupadasVagas livresSalário mensal (R$)Economia mensal (R$)
Assessor de Políticas Governamentais11689278.682,64234.431,28
Assessor sem especialidade686445.142,7120.570,84
Assessor com especialidade71615.685,7594.114,40
Gestor adjunto1513221.224,2042.448,40
Vice-prefeito10120.874,9820.874,98
Fonte: Portal da Transparência/Prefeitura de Jundiaí

Por que o vice-prefeito abriu mão do salário?

Entre os 40 cargos que resultam em economia aos cofres públicos de Jundiaí, há um caso singular: o do vice-prefeito Ricardo Benassi. O mesmo optou por abrir mão do salário referente ao cargo de vice-prefeito, cujo valor mensal é de R$ 20.874,98.

A decisão não implica afastamento de suas atribuições, tampouco acúmulo de vencimentos. Benassi exerce simultaneamente a função de Gestor da Unidade de Governo e Finanças, cargo comissionado no qual recebe remuneração regular — e que demanda atuação contínua na formulação e acompanhamento do orçamento municipal.

Ao escolher receber apenas por essa função técnica e de gestão, o vice-prefeito deixa de onerar os cofres públicos com um segundo salário, o que contribui diretamente para a economia registrada. A decisão, ainda que individual, reforça o retrato de uma administração que, mesmo com a estrutura legalmente prevista, opera com folgas não declaradas, mas financeiramente significativas.

Folga orçamentária sem alarde

A soma dessas ausências gera uma economia mensal de R$ 412.439,98, que ao longo de um ano atinge R$ 4.949.279,76. Se adicionado o 13º salário, o valor economizado chega a mais de R$ 5,3 milhões de reais.

Não se trata de uma política de corte ou uma reestruturação agressiva. Pelo contrário, é uma economia que emerge da própria dinâmica interna da administração pública, sem decretos nem campanhas de contenção.

O que Jundiaí nos ensina com essas cadeiras vazias?

Ainda que involuntária, essa economia silenciosa tem efeitos concretos sobre o orçamento público. Em tempos de contenção e rigor fiscal, Jundiaí experimenta uma forma peculiar de equilíbrio financeiro: a preservação de recursos pela não ocupação de cargos legalmente disponíveis.

O mais curioso é o silêncio que acompanha esses números. Em muitos governos, uma economia dessa magnitude — mais de R$ 5 milhões anuais — seria tratada como trunfo político, alardeada em redes sociais, coletivas de imprensa e ações publicitárias. Aqui, não.

A atual administração opta por não transformar essa contenção em espetáculo. Não há campanha, não há holofote. Há apenas a ação — e seus efeitos concretos. O portal O Jundiaiense só chegou a esses dados porque foi atrás, pesquisou, cruzou informações e analisou linha por linha no Portal da Transparência.

Neste caso, o que se economiza em dinheiro se acumula também em discrição. Porque, em Jundiaí, até a boa notícia vem sem barulho — e, talvez por isso mesmo, diga tanto.

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