As eleições de 2024 trouxeram algumas surpresas para o cenário político jundiaiense. Dentre elas, o desempenho da chapa formada por Higor Codarin (PSOL) e Felipe Pinheiro (Rede Sustentabilidade), que conquistou 10.677 votos – um feito expressivo em uma cidade com histórico predominantemente conservador e forte presença de partidos de direita no poder. Prova disto é que não havia nenhum(a) vereador(a) eleito(a) por PSOL ou REDE na última legislatura municipal (2021-2024).
Esse resultado não pode ser subestimado. Em uma disputa marcada por polarizações, a chapa da esquerda conseguiu romper bolhas e dialogar com parte do eleitorado. Muito disso, ao meu ver, se deve ao bom desempenho de Higor Codarin durante os debates — com uma postura propositiva e uma defesa coerente de ideias progressistas, ele ajudou a qualificar o nível da discussão política local. Higor se destacou como uma voz preparada, o que contribuiu para dar visibilidade à campanha e à coligação que representava.
O ex-candidato a vice-prefeito Felipe Pinheiro começa a aparecer nos noticiários como possível candidato a deputado no ano que vem, mas o que me chama a atenção é o silêncio em torno de Higor Codarin. O candidato a prefeito em 2024, ainda não figura em nenhuma sondagem pública como possível candidato a deputado. Seu afastamento do debate político atual é uma lacuna considerável. Em um campo progressista que já sofre com desarticulação e falta de lideranças estáveis, a ausência de seu nome nas conversas sobre o futuro é, no mínimo, estranho.
Essa movimentação reforça a fragilidade da esquerda local: há energia, há ideias, há votos — mas falta coesão, continuidade e estratégia. A situação levanta uma questão maior: a dificuldade da esquerda em construir continuidade em Jundiaí. Faltam atualmente quadros estáveis, faltam partidos com raízes locais sólidas, falta um projeto coletivo de longo prazo. Sem isso, o campo progressista se torna refém de candidaturas pontuais, que aparecem a cada quatro anos. E, no fim, quem mais perde é o eleitor.
A política exige mais do que boas falas em debates ou números relevantes nas urnas. Exige compromisso com uma trajetória, com a comunidade e com a construção de algo maior e duradouro do que a própria candidatura. Em tempos de desconfiança generalizada, coerência e constância talvez sejam os bens mais valiosos que um político pode oferecer.
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