Por que uma vereadora precisa de quase R$ 300 mil em dinheiro público para conquistar a confiança do eleitor?

Essa é a pergunta que paira sobre os bastidores das eleições municipais de 2024 em Jundiaí, especialmente ao analisarmos os dados da campanha de Quézia de Lucca (PL), reeleita como a mais votada da cidade com 8.020 votos. A parlamentar financiou sua campanha com R$ 280 mil, dos quais impressionantes R$ 271 mil (96,83%) vieram do Fundo Especial de Financiamento de Campanha — dinheiro público.

O contraste com seus dois colegas mais votados chama atenção. Juninho Adilson (União Brasil), em sua primeira eleição, arrecadou modestos R$ 11,8 mil — metade do valor doado por ele mesmo. Ainda assim, ficou em segundo lugar, com 7.229 votos. Edicarlos Vieira, também reeleito, somou R$ 77 mil, com 45% oriundos do partido e o restante, de doações de pessoas físicas.


Essa comparação revela não apenas três formas distintas de fazer política, mas também três tipos de compromisso com a sociedade. Enquanto Juninho e Edicarlos demonstram vínculos mais diretos com seus eleitores — seja pelo financiamento popular, seja pelo uso comedido dos recursos —, Quézia adotou um modelo dependente de verbas partidárias, distante do financiamento cidadão.
Mais do que uma crítica isolada, trata-se de um convite à reflexão: quem deve bancar a democracia? O cidadão que acredita e investe no candidato em quem confia, ou o fundo público distribuído por interesses partidários?
É fundamental que a população de Jundiaí e do Brasil compreenda que o financiamento eleitoral não é apenas uma questão contábil. É uma escolha política. E quem paga a conta, também tem o direito — e o dever — de cobrar.
Referências
https://divulgacandcontas.tse.jus.br/
https://resultados.tse.jus.br/