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Jundiaí em tempos de definições: por que Luiz Fernando Machado agora é PL?

É com honra que assumo, a partir desta semana, o compromisso de dialogar com os leitores do O Jundiaiense sobre os rumos políticos da nossa cidade e do Brasil. Em tempos de incertezas, excesso de narrativas e escassez de coerência, entendo que oferecer uma análise objetiva, informada e fundamentada é mais do que uma escolha — é uma obrigação com o cidadão que deseja pensar a política com profundidade.

Jundiaí é uma cidade de protagonismo. Nosso histórico administrativo se destaca no cenário nacional, seja pela boa gestão pública, seja pela capacidade de atrair investimentos e garantir qualidade de vida. Esse prestígio não é recente e não está blindado contra os desafios da vaidade política, das trocas de legenda oportunistas e dos projetos pessoais disfarçados de propostas coletivas.

Nos bastidores da política regional, é crescente o burburinho sobre uma possível candidatura a deputado federal do ex-prefeito Luiz Fernando Machado. Nome conhecido, gestão marcante, comunicação afiada. Não há dúvida de sua capacidade de articulação. O que chama atenção, no entanto, é o novo figurino partidário: depois de uma longa trajetória no PSDB, Luiz Fernando, filiado em 2023, será a primeira vez que concorrerá pelo PL.

A mudança não deve ser apenas de sigla, tem que ser de discurso, de valores e de posicionamento ideológico. O que antes se dizia social-democrata recentemente começa a se posicionar como conservador-liberal. A pergunta que se impõe é: o que mudou de fato? O político ou o projeto? Ou seria apenas mais um movimento pragmático em busca de viabilidade eleitoral?

Os eleitores estão cansados de jogadas táticas e alianças incoerentes. Desejam, acima de tudo, clareza. Querem saber se o político que se apresenta nas urnas é o mesmo que governará — e se suas convicções são genuínas ou meramente convenientes. Coerência importa. Que mudar de ideia pode ser virtude, mas mudar de lado sem explicar ao eleitor é um desrespeito. 

Não se trata aqui de demonizar a mudança partidária — afinal, convicções podem evoluir. O problema é quando a mudança não vem acompanhada de explicações claras ao eleitor. Quando se passa anos defendendo um conjunto de valores e, repentinamente, adota-se outro sem justificativa, a dúvida que fica é: o que motivou essa mudança? Um novo projeto para a nossa cidade ou um novo projeto pessoal de poder?

Luiz Fernando iniciou sua carreira política como vereador em 2004, foi deputado federal, deputado estadual e prefeito entre 2017 e 2024. E é justamente nesse histórico que surge uma preocupação legítima: em 2016, ao disputar a prefeitura, ele abandonou a cadeira de deputado antes de concluir seu mandato. A pergunta que precisa ser feita é: caso seja eleito novamente deputado federal, Luiz Fernando deixará o cargo em 2028 para tentar voltar à prefeitura?

Se isso acontecer, Jundiaí perderá um representante eleito para a Câmara Federal, em um período em que o município vê seu orçamento ser pressionado por demandas crescentes, a presença de deputados atuantes — federais e estaduais — é essencial para garantir investimentos e repasses. O mandato parlamentar é de quatro anos. E a cadeira na Câmara não deverá ser tratada como trampolim para projetos pessoais.

Além disso, é preciso ponderar o seguinte: qual Luiz Fernando deve ser levado em conta? O gestor alinhado ao discurso da eficiência e da responsabilidade fiscal, ou o político que busca abrigo em um partido que tem no populismo sua principal estratégia eleitoral?

A política precisa ser feita com coerência, transparência e responsabilidade. Entendo que o eleitor merece saber exatamente quem está escolhendo e o que essa pessoa representa. Não acredito em discursos que mudam conforme a direção do vento. O compromisso é com as ideias, não com conveniências.

Esta coluna será um espaço semanal de reflexão, de crítica e de proposição. Não fugirei dos temas espinhosos nem das responsabilidades de quem acredita na política como ferramenta de transformação verdadeira.

Começo hoje com uma provocação: o que você, leitor, espera de um representante na Câmara dos Deputados? Ideias claras ou estratégias de ocasião? Convicção ou conveniência?

Nos próximos artigos, seguirei explorando esses e outros temas com a seriedade que o momento exige. Jundiaí merece esse debate.

Colunista: Luiz Biondi | De Olho no Poder!

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