Fechada há dois anos, a EMEB da Vila Esperança será reaberta com recursos do controverso financiamento da CAF, que a atual gestão prometeu rever, mas decidiu manter.
Embora tenha criticado duramente esse contrato durante a campanha, a gestão atual optou por não cancelá-lo, evitando uma multa milionária. A decisão foi pragmática: melhor transformar o problema herdado em benefício real para a população do que ampliar o prejuízo.
A reforma da EMEB Professora Adail de Oliveira Lenhaioli, na Vila Esperança, marca o fim de uma espera de dois anos para a comunidade escolar da região Sul de Jundiaí. A unidade receberá melhorias estruturais e de acessibilidade, com investimento de R$ 1.718.878,29. A previsão é de que a escola volte a funcionar em 2026.
Contudo, o que viabiliza a obra é justamente um ponto controverso na política local: os recursos vêm do contrato de financiamento com a Corporação Andina de Fomento (CAF), firmado em dólar. Na época, o então candidato questionava os riscos cambiais e a suposta perda de autonomia financeira que o empréstimo poderia gerar ao município. Um ano depois, o cenário mudou — mas não sem debates internos.
Fontes da administração confirmam que houve resistência inicial em utilizar os valores da CAF. Técnicos da área econômica realizaram simulações que mostraram o custo elevado para cancelar o contrato: multas que poderiam superar R$ 4 milhões e comprometer investimentos planejados. A possibilidade de redirecionamento dos recursos foi debatida em reuniões internas, mas a complexidade técnica e o tempo necessário para renegociações inviabilizariam o cronograma de obras urgentes.
A decisão política, portanto, foi orientada por uma leitura pragmática: cumprir o contrato vigente e aplicar os recursos em projetos com impacto social imediato. “Entre paralisar investimentos e agir com responsabilidade fiscal, optamos por beneficiar diretamente a população”, revelou um servidor próximo à cúpula do Executivo.
O caso escancara os dilemas enfrentados por administrações que herdam compromissos impopulares: manter o discurso ou entregar resultados?